Domingueira, depois de um sono reparador, o dia estava convidativo e a vontade de rodar ficou incontrolável. Ainda não eram 8 da manhã e as primeiras SMS começaram a rolar. A idéia era conseguir levar para a estrada os companheiros que se ocupam muito cedo. Daí, o único jeito seria mesmo pegá-los ainda na cama. Mensagem, depois liga pro celular, liga pra casa. Não deu outra. Estavam tão na cama que o jeito foi rodar sozinho.
O bate-e-volta até Araxá continua sendo um dos favoritos. Apesar da estrada estar muito remendada, as curvas, a variação na paisagem, na própria pista e no trânsito deixam a tocada muito "interessante". Além disso, a combinação de distância com velocidade resulta num tempo de tocada suficiente para entrar em ritmo de jogo mas sem cansar nem um pouco. Na medida que o piso e o acelerador permitem, é uma delícia ver "o mundo" se mostrando depois de uma subida... uma descida que mostra todo o trecho que vem a seguir... ou uma esquerda que mostra uma plantação, uma direita que desvenda a represa... "Vou parar para nadar na volta".
Saindo da curva muda a posição, abre o gás, entra na reta, o conta-giros dispara, uma pra cima, outra, falta pista, chega o final da reta, procura as placas que marcam a frenagem no MotoGP - 150, 100, 50m - a faixa contínua e a placa de curva vão ter que servir... tira a mão, ergue o corpo, freia um pouco, mede a curva, escolhe a velocidade, reduz a marcha, respira, se prepara, muda a posição de novo, contra-esterça, contrai os músculos certos, a moto inclina, controla a aceleração, é o auge da curva: o tempo pára, o mundo pára. Ou melhor, todo o tempo do mundo é medido pelo tempo da curva. O mundo todo está contido no ronco estável do moto, naquele giro específico, naquela fração de segundo em que todas as forças estão em seu ponto de equilíbrio. É aí que abre o gás de novo, vai levantando a moto, vem a risada dentro do capacete e sem perder a concentração, parto pra próxima pensando (no melhor "patrocinês"): Vai ser bão!
Araxá, muito ma
is do que vizinha, é a casa de amigos. Jorge, Evande, Gilmar, Takinho e outros
100 Destino fazem as vezes de anfitriões: oferecem estacionamento em área reservada, cadeiras à sombra, bebidas a dois passos e muito papo bom partindo, claro, do mundo das motos para chegar às eleições presidenciais de 2010. Tudo sempre marcado por uma postura de respeito, participação cidadã informada e responsabilidade. Para andar de moto, para fazer churrasco de motoclube e viagem para encontro e também para cobrar de vereadores e secretários municipais e escolher o próximo presidente do Brasil.
Na volta, tudo de novo mas no asfalto liso, novo, vazio e no traçado muito mais rápido da estrada "via" Catiara. As condições são tão melhores que a cautela e o auto-controle tiveram de ser redobrados. Chegando no trevo uns trechinhos de pista molhada, o desvio com a terra bem batida sem poeira e sem barro. Depois o suplício dos remendos da estrada Ibiá-Patrocínio. E a pista molhada virou chuva mesmo. Suficiente para diminiuir ainda mais a velocidade mas super bem-vinda para refrescar piloto e moto e dar mais tempo para curtir o passeio que já estava acabando. Um aceno para a viatura da Polícia Rodoviária - já costumeira um pouco antes do Salitre - e já estava em casa. Lavar o capacete, as botas e a moto deixando tudo pronto para a próxima foi o melhor jeito de comemorar o passeio e a paixão que me levou à terra de Dona Beija.